Cerca de 128 milhões de eleitores sobre uma população contabilizando 240 milhões de habitantes do Paquistão foram chamados às urnas esta quinta -feira para escolher entre 17 mil candidatos no âmbito de legislativas colocadas sob alta segurança. Mais de 650 mil membros das forças de segurança foram mobilizados para vigiar o escrutínio que foi marcado por actos de violência e a suspensão da internet.
Fonte: RFI
A violência foi uma constante destas legislativas. Depois de já nesta quarta-feira, 28 pessoas terem morrido junto de sedes de campanha no Baluchistão, em dois ataques distintos reivindicados pelo grupo Estado islâmico, essa região do sudoeste do país foi hoje novamente palco de um ataque à bomba, junto de uma mesa de voto, as autoridades locais dando conta da morte de dois membros das forças da ordem. Outro ataque, desta vez contra uma patrulha no noroeste do país custou a vida de cinco membros das forças de segurança.
Para além destes actos de violência, estas eleições ficam marcadas por limitações ao nível da comunicação. O ministério do Interior anunciou, pouco depois da abertura das mesas de voto, que os serviços de internet móvel estavam “temporariamente suspensos” em todo o país por motivos de segurança. Ao confirmar que este corte é um dos mais “rigorosos e extensos jamais observados em qualquer país”, a ONG de monitoria da internet Netblocks denunciou uma “prática fundamentalmente antidemocrática”.
É neste contexto já por si volátil que foram emitidas de antemão suspeitas quanto à falta de equidade do escrutínio. O popular Imran Khan, 71 anos, condenado a 3 longas penas de prisão, foi impedido de se candidatar, este responsável politico apontando o dedo ao exército que a seu ver condiciona esta eleição e está por detrás dos seus problemas judiciais.
Esta situação poderia beneficiar o também antigo primeiro-ministro Nawaz Sharif, 74 anos, que regressou ao país em Outubro depois de quatro anos de exílio em Londres. Ele aparece como o favorito destas eleições, tanto mais que ele beneficia do apoio das Forças Armadas, muito embora observadores antevejam um cenário em que nenhum candidato consiga obter uma maioria absoluta.
Neste sentido, a grande incógnita destas eleições será a participação, dada a insegurança reinante e também o clima de desilusão dos paquistaneses. De acordo com uma recente sondagem 70% dos inquiridos “não confiam na integridade destas eleições”.
Quem vier a ganhar estas eleições, terá grandes desafios pela frente. Com um problema de segurança que se degradou desde o regresso dos talibã ao poder no vizinho Afeganistão em Agosto de 2021, o Paquistão padece de uma economia em ruínas, uma dívida externa importante e uma taxa de inflação de perto de 30%.