Fonte: Horizonte 25
Para o Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) a Comunicação a Nação proferida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, sobre a situação do terrorismo na região norte da Província de Cabo Delgado, foi oportuna e serviu para esclarecer dúvidas e receios sobre a intervenção de forças estrangeiras.
Não obstante o Presidente da República e outros membros do Governo se referirem em relação a situação do conflito de forma ocasional, na comunicação deste domingo, 25 de Julho, teve a particularidade de ter sido partilhada uma informação detalhada demonstrando o ponto da situação, os impactos sociais, políticos e económicos, com particular ênfase para a crise humanitária e a situação dos direitos humanos.
Para o IMD, a comunicação serviu também o Presidente da República prestar contas ao país, um dos princípios de governação democrática, e informar sobre os passos que estão a ser seguidos com vista a resolver o problema dos ataques terroristas em Cabo Delgado.
“Esta foi a primeira vez em que o Chefe de Estado fez uma comunicação à nação para explicar de forma detalhada os contornos deste confl ito que preocupa os moçambicanos. E na sua abordagem, o Presidente, demonstrou a situação dramática que se vive, mas também trouxe uma mensagem de esperança no sentido de assegurar que há acções em curso com vista a se encontrar uma solução definitiva e sustentável”, refere o comunicado.
“Foi a primeira vez que houve um reconhecimento público do assassinato bárbaro, pelos terroristas, dos 50 jovens que se recusaram a fazer parte do grupo dos terroristas. Esta situação foi apresentada pela imprensa e pela sociedade civil, mas nunca havia sido publicamente assumida pelas entidades públicas. Esta posição do Presidente da República demonstra abertura para que todos os moçambicanos tenham acesso a informação oficial sobre a situação dramática causada pelo conflito”, indica o comunicado. Para a organização da sociedade civil, durante a comunicação do Chefe do Estado, ficou evidente que o mesmo está atento aos diferentes estudos e as análises feitas sobre o conflito que são partilhadas a partir da comunicação social.
“Esta abertura em acolher e considerar as diferentes opiniões sobre o problema, demonstra que há consciência política de que estamos perante um problema que é novo e por isso as contribuições divergentes ou não, independentemente da fonte, devem ser consideradas. Por isso é importante que os partidos políticos, académicos, sociedade civil, religiosos entre outros segmentos participem do debate e partilhem as suas contribuições como forma de se encontrar os melhores caminhos para fazer face ao conflito em Cabo Delgado”, refere a nota do IMD.
Para a organização, a intervenção foi também uma oportunidade para se debruçar sobre o papel que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão a desempenhar no combate ao terrorismo e a explicar sobre os novos contornos e a nova abordagem de intervenção e combate ao terrorismo tendo em conta a presença militar estrangeira.
“Os receios apresentados por África do Sul, por sinal o país que vai comandar a força conjunta da SADC, associado ao atraso na chegada da força criaram alguns receios. E esta comunicação serviu também para trazer algum esclarecimento sobre os fundamentos por detrás das decisões que estão a ser tomadas pelo Governo em relação a presença das tropas estrangeiras, mas também para comunicar, sobretudo a SADC, sobre o protocolo que está a ser observado para a vinda de outras tropas que estão a apoiar o país”.
O IMD reconhece o valor da comunicação do Chefe do Estado no contexto da promoção do espaço democrático e permite aos diversos actores da sociedade poderem monitoria as acções do combate ao terrorismo em Cabo Delgado com base em informações oficiais.