Fonte: Carta mz
O número de mortes na África do Sul subiu para 215 em resultado dos recentes tumultos e pilhagens em que mais de 3.400 pessoas foram detidas, anunciou ontem a Presidência da República sul-africana.
“Houve mais três mortes relatadas na província de KwaZulu-Natal (Leste), o que elevou o número de vítimas para 215 como resultado dos protestos”, disse, em conferência de imprensa, a ministra na presidência Khumbudzo Ntshavheni.
A ministra sul-africana referiu que a situação “estabilizou” na província do litoral do país, vizinha a Moçambique, e também em Gauteng, “não havendo registo de novos incidentes de pilhagem”, frisou.
“Os caminhos de ferro, assim como os portos de Durban e Richards Bay, encontram-se operacionais e foram reatadas as operações de exportação, nomeadamente do setor de citrinos”, declarou.
A ministra explicou que na província de KwaZulu-Natal, o reabastecimento alimentar nos centros comerciais que foram totalmente vandalizados, obrigando os residentes a deslocarem-se às cidades mais próximas, foi reatado a partir de Gauteng e dos portos.
Khumbudzo Ntshavheni salientou que o Governo está ainda focado na recuperação económica “total” do país.
“Os ministros do grupo de trabalho sobre a Economia, estão a considerar intervenções que vão assegurar que os pequenos negócios afetados possam reatar a sua atividade em simultâneo com os grandes negócios” afirmou.
No balanço de ontem à imprensa, a ministra divulgou que as autoridades prenderam mais seis indivíduos, supostamente instigadores dos recentes distúrbios violentos e saques que devastaram o país durante oito dias.
“Temos mais seis dos principais instigadores e, entre os que estão presos, três suspeitos já compareceram em tribunal, mas foram detidos sob custódia policial para audiências de fiança no final da semana”, explicou Ntshavheni.
A ministra reiterou ainda que “a posição do Governo, tal como foi articulada pelo Presidente da República, é de que houve uma tentativa de insurreição no país e essa perspetiva baseia-se em reuniões do Conselho de Segurança Nacional, que é presidido pelo Presidente e é também informado pelos comandantes militares e de outras agências de segurança”.
Na sua comunicação ao país, na sexta-feira, o Presidente Cyril Ramaphosa adiantou que os tumultos e saques foram “instigados, planeados e coordenados”.
Estima-se que vivam cerca de 450.000 portugueses e lusodescendentes na África do Sul, dos quais pelo menos 200 mil em Joanesburgo e Gauteng e 20.000 no KwaZulu-Natal, as regiões do país mais afetadas, mas, segundo os conselheiros da diáspora madeirense no país e o Governo, não há cidadãos nacionais entre as vítimas.