Fonte: Notícias ao minuto
As autoridades alemãs classificaram como “alta” a ameaça potencial de espionagem com o ‘spyware’ israelita Pegasus, enquanto Marrocos, acusado de ter usado indevidamente o programa, multiplica os processos judiciais por difamação.
Agência Federal de Segurança de Tecnologia da Informação da Alemanha (BSI) classificou a ameaça representada pelo Pegasus de nível dois, numa escala de quatro, o que significa que empresas, autoridades e utilizadores devem inspecionar os seus dispositivos, revelou hoje o jornal semanário Der Spiegel.
“O potencial de ameaça pode ser classificado como alto, principalmente porque as versões atuais do iOS e do Android ainda são consideradas vulneráveis“, alertou a BSI, referindo-se aos sistemas operacionais mais usados em dispositivos móveis.
No entanto, a agência alemã admite que os ataques realizados com o programa Pegasus são dirigidos “a alvos individuais e não (constituem) uma campanha de distribuição em massa”, acrescentando que “devido ao profissionalismo dos agressores, a implementação seletiva de medidas preventivas de proteção é muito difícil”.
A revelação sobre o uso do programa israelita foi conhecida há dez dias, após uma investigação realizada pelo jornal The Washington Post e 16 outros meios de comunicação social, com a ajuda da Amnistia Internacional e da organização francesa sem fins lucrativos Forbidden Stories.
Marrocos era apresentado como um dos estados que tinha utilizado indevidamente o Pegasus e os advogados do Reino estão agora a multiplicar os processos judiciais em França contra os ‘media’ que denunciaram o caso, nomeadamente através de denúncias de difamação.
Em 22 de julho, o Marrocos lançou um primeiro processo por difamação contra a Amnistia Internacional e a Forbidden Stories, depois de as duas organizações terem obtido a lista de números de telefone visados pelos clientes do Pegasus, ‘software’ desenvolvido pelo grupo israelita NSO.
Hoje, o advogado do Reino do Marrocos, Olivier Baratelli, admitiu que emitiu “quatro novas acusações por difamação”.
Duas delas têm como alvo o jornal diário francês Le Monde – membro do consórcio de 17 meios de comunicação internacionais que revelaram o escândalo — bem como o seu diretor, Jérôme Fenoglio; uma terceira visa o ‘site’ de informação e investigação Mediapart e seu responsável editorial, Edwy Plenel; e uma última respeita a estação Radio France, também integrante do consórcio, informou o advogado.
Uma primeira audiência processual está agendada para 15 de outubro num tribunal especializado em direito de Imprensa, mas se houver julgamento, este não deve ocorrer antes de 2023.
Por sua vez, o ministro marroquino do Interior, Abdelouafi Laftit, apresentou hoje em Paris uma queixa de “denúncia caluniosa” contra o Mediapart e contra Edwy Plenel, anunciou em comunicado o advogado do ministro, Rodolphe Bosselut.
O ministro pretende contestar “as denúncias traiçoeiras e as calúnias veiculadas durante vários dias por esses meios de comunicação, que divulgaram graves acusações contra as instituições que representa, sem apresentar nenhuma prova concreta”, esclarece o comunicado, que fala ainda de “uma conspiração dos ‘media'” contra o Reino de Marrocos.