Fonte: DW
Uma comissão multissetorial está desde domingo (01.08) na cidade de Pemba, capital da província moçambicana de Cabo Delgado, para investigar a origem do derrame de cerca de 10 mil litros de combustível no fim de semana.
Ainda não é conhecido o tipo de combustível envolvido no incidente na baía de Pemba. Estimativas preliminares apontam que cerca de 10 mil litros de combustível espalharam-se pelo mar no sábado (31.07), nas proximidades do porto de Pemba.
A equipa central que trabalha no apuramento das causas promete explicar as razões do derrame esta terça-feira (03.08). “Pelo ambiente que se vive na zona e o tipo de máquinas que são abastecidas, a primeira impressão é que se trata de gasóleo, vulgo ‘diesel’. Porque essas máquinas, algumas delas não funcionam com gasolina. Grande parte delas usa combustíveis pesados e então só pode ser gasóleo”, explica Moisés Paulino, diretor nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis; que integra a lista dos técnicos que investigam o incidente.
A baía onde se deu o incidente está nas proximidades dos armazéns de combustíveis da empresa Petróleos de Moçambique (Petromoc). No fim de semana, a empresa recebeu um navio transportando combustível para abastecer os reservatórios da empresa.
O diretor de operações da firma, Vicente Fringe, disse este domingo (01.08) que ainda não foi detectada qualquer ligação com o derrame registado. “O navio chegou e atracou após a ocorrência deste incidente. Portanto, está sendo feita neste momento a bombagem do produto do navio para as nossas instalações. Foi feito um trabalho de inspeção da linha mais que uma vez”, disse.
Ainda de acordo com o responsável da Petromoc, “não está fechado o trabalho, a comissão que foi criada nem sequer terminou o seu trabalho e estes são os dados preliminares que existem.”
Danos ambientais
Após o derrame do combustível, dezenas de populares retiraram restos do líquido inflamável já misturado com água salgada da baía de Pemba.
A Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA) alerta para danos ambientais e defende a responsabilização dos possíveis culpados pelo derrame do produto no mar. Mário Parina, representante da AQUA, também alerta para danos que podem ter sido causados pela população que retirou o líquido do mar.
“Podia ser indício de contaminação do mar e a presença de alguns microrganismos já mortos felizmente até ao momento não aconteceu. O único impacto negativo neste momento é a contaminação dos solos que foi provocada pela população que ia transportando combustível para os seus benefícios”, explica.
Mototaxistas preocupados
A presença e circulação de combustível misturado com a água do mar, extraído por populares no incidente de sábado, está a preocupar operadores do serviço de mototáxi. Estes receiam que o produto contaminado ou alterado possa estar a ser comercializado e coloque em perigo as suas motorizadas.
“Levar combustível que está misturado com água, as viaturas ou motas podem correr o risco [de se estragarem]. Porque nós comprávamos aquele combustível que se vende em galões nos bairros”, afirma o mototaxista Chaual Manuel. “Sendo assim, não vamos poder comprar mais porque esse é um problema grave. A polícia deve investigar qualquer pessoa que apanhe a vender combustível”, defende.
“Gastamos dinheiro para comprar motorizada, vamos comprar esse combustível para pôr nas nossas motas e ela vai gripar, não vai funcionar, logo o prejuízo é nosso”, concorda outro mototaxista. Joaquim Arcanjo apela, por isso, aos colegas “para quando virem o combustível nos bairros vendido a menor preço, não vale a pena comprar.”
A polícia ainda não se pronunciou sobre a circulação de combustível recolhido no mar pela população.