Fonte: Notícias
A LOCALIDADE de Nhamacuenguere, na zona tampão do Parque Nacional de Gorongosa (PNG), no distrito de Dondo, em Sofala, poderá dispor de uma área de conservação comunitária até ao final do ano em curso.
O facto foi revelado pelo director dos Serviços de Conservação e Desenvolvimento Comunitário, nesta região do país, Armando Araman, durante uma audiência pública da proposta de criação do referido espaço.
Segundo Araman, na auscultação pretendia-se colher sensibilidades dos diferentes extractos sociais, para a criação desta área de conservação comunitária.
Segundo o dirigente, outra motivação tem a ver com a restauração de Gorongosa, onde grande parte da população de fauna bravia aumentou, havendo, por conseguinte, um alto nível de dispersão de diferentes espécies para as áreas onde as comunidades praticam actividades de subsistência.
“Face a isso, em coordenação com o Governo, vimos que era preciso devolver esse direito das comunidades sobre os recursos naturais e a melhor forma foi criar uma alternativa que, de forma conjunta, possa fazer uma gestão integrada incluindo a fauna bravia, florestas e outros”, acrescentou.
A fonte salientou que o interesse foi manifestado pela própria comunidade mediante um diagnóstico participativo.
Na ocasião, a mesma comunidade definiu a porção do espaço daquela localidade a ser alocada para a criação da área de conservação comunitária em 5.000 hectares da zona Oeste de Nhamacuenguere.
Sobre os animais que mais ocorrem no povoado, Araman referiu-se às pivas, elefantes, búfalos, leões, entre outras espécies, cujo número cresceu de forma intensiva no PNG.
Após a consulta pública para criação deste espaço, a fonte revelou que o passo a seguir será a produção da proposta a ser discutida a nível do Conselho Técnico do Ministério da Terra e Ambiente.
A Secretária do Estado em Sofala, Stella Zeca, revelou que a área de conservação constitui um espaço de uso sustentável de domínio público e comunitário delimitado sob gestão de uma ou mais comunidades locais, onde estas possuem o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra.
A dirigente apontou ainda que estas comunidades devem dar o valor ecológico, proteger e conservar estes recursos, estabelecer modelos de uso e gestão que sejam sustentáveis para incrementarem as suas rendas.
Com esta criação, de acordo com Stella Zeca, pretende-se que haja uma participação activa das comunidades na utilização destes recursos, enquadrando melhor os seus instrumentos.
A secretária de Estado referiu que a reunião de auscultação visa recolher opiniões para o enriquecimento da proposta da criação da área de conservação comunitária no povoado de Nhamacuenguere, no distrito de Dondo.
Entretanto, o líder comunitário da zona de Nhamacuenguere, Lucas Quembo, mostrou-se satisfeito com a ideia da criação da área de conservação comunitária naquela localidade e referiu que este passo é muito importante para aquela população.
Quembo disse ainda que os animais criam muitos problemas aos fazedores de machambas, principalmente no tempo de plantação de hortícolas, arroz e milho, que são destruídos pelas espécies que escapam do parque, enquanto outros atacam as pessoas.
Congratulou-se pelo facto de que a iniciativa poder criar mais empregos para os residentes daquela região, para além de a comunidade tornar-se mais atractiva para turistas.