Fonte: Diário económico
A Confederação das Associações Económicas (CTA) realizou esta quinta-feira, 22 de Fevereiro, a 15.ª edição do Economic Briefing, que abordou o desempenho das empresas nacionais no quarto trimestre de 2023 assim como as perspectivas do ponto de vista económico.
Na ocasião, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, revelou que a tendência do Índice de Robustez Empresarial (IRE) do quarto trimestre de 2023 foi de ligeira melhoria em 1 ponto percentual, tendo-se fixado em 30%, contra 29% do trimestre anterior.
“Este desempenho empresarial, ainda que superior ao do trimestre anterior, mostra-se bastante frágil. As razões são várias. Primeiro, dizer que o quarto trimestre corresponde à parte final da época de comercialização agrícola e ao correspondente início da preparação da nova época. Igualmente, continuaram a observar-se constrangimentos na comercialização agrícola como as questões logísticas até ao acesso do certificado fitossanitário, o elevado nível da taxa de juro e a redução da procura por bens e serviços por parte do Estado”, observou o responsável.
A fonte apontou para alguns dos factores que continuam a contribuir para o fraco desempenho do sector, destacando os encargos financeiros com a banca.
“Desde 11 Janeiro de 2022 até finais de 2023 que a taxa MIMO se situava em 17,25%, o que, combinado com uma subida do coeficiente de reservas obrigatórias para 39%, levou ao aumento do endividamento das empresas junto da banca. A liquidez do mercado reduziu 23,6% em 2023 face a 2022, como resultado da subida do coeficiente de reservas obrigatórias, tanto em moeda doméstica de 10,50% para 39%, como em moeda estrangeira de 11,50% para 39% de 2022 para 2023”, assinalou Agostinho Vuma.
Com a nova decisão do Banco de Moçambique de reduzir a taxa de juro de política monetária (MIMO) em 0,75 pontos percentuais, isto é, de 17,25 % para 16,50%, facto que irá repercutir-se na Prime Rate do sistema financeiro nos próximos meses, a agremiação espera que haja um alívio nos encargos bancários e expansão das possibilidades de aceso ao crédito por parte das PME.
Quanto ao ambiente macroeconómico, a CTA explica que “melhorou, consubstanciando-se na subida do respectivo índice macroeconómico, de 42% do terceiro trimestre de 2023 para 47% do quarto trimestre do mesmo ano. Esta melhoria reflecte a redução da taxa de inflação e o prosseguimento da estabilidade cambial”.
No ramo do emprego, o representante dos empresários no País explicou que a situação continua frágil, pois existe ainda a tendência dos novos postos de trabalho serem sustentados pelas contratações a tempo parcial ou temporário, com o seu índice a contrair para 30,6%. “Pode-se justificar esta tendência pela redução na procura de mão-de-obra para atender ao sector agrícola”, justificou a fonte.
Sobre a questão dos raptos, que condicionam a melhoria do ambiente de negócios no País, a CTA sugere a revisão da legislação – nomeadamente agravando as penas e não admitindo caução para este tipo legal de crime -, a criação de uma Comissão Consultiva de Segurança (que terá, entre várias atribuições, o acompanhamento da investigação dos raptos), a operacionalização da Unidade Anti-Raptos e ainda a adopção de meios tecnológicos como a videovigilância.
Importa referir que a reflexão feita esta quinta-feira (22) teve como base a actual conjuntura económica do País, influenciada, nomeadamente, por factores externos, bem como por factores internos, como sejam, respectivamente, as guerras russo-ucraniana, israelo-palestiniana, a insegurança que se vive na província de Cabo Delgado e a ocorrência de raptos.
