Fonte: Notícias
Cerca de novecentas famílias da vila-sede do posto administrativo de Matchedje, distrito de Sanga, província do Niassa, beneficiam, pela primeira vez, de energia eléctrica de qualidade, gerada a partir de uma central fotovoltaica dotada com potência de 200 KVA, cuja implantação custou aos cofres do Estado e comparticipação de parceiros um montante estimado em 150 milhões de meticais.
Matchedje é uma das primeiras zonas libertadas no decurso da luta de libertação nacional (1964-1974) e que entre 20 e 25 de Julho de 1968 acolheu o segundo congresso da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o primeiro do então movimento de libertação realizado no território nacional.
O sistema fotovoltaico de Matchedje, implantado no âmbito da iniciativa presidencial Energia Para Todos, entrou em funcionamento, em regime experimental, em 25 de Junho último e a energia eléctrica gerada beneficia, neste momento, 315 instalações domiciliárias das 900 previstas, de acordo com dados em nosso poder.
As reacções da electrificação da vila de Matchedje, a partir da qual a energia será expandida para as localidades circunvizinhas, apontam para uma única direcção, ou seja, promover o desenvolvimento social, cultural, económico e consolidação da unidade e soberania nacional.
Daimone Hassane, chefe do posto administrativo de Matchedje, entrevistado pela nossa Reportagem sobre a electrificação da sua região, disse, sem hesitação, que “o modo de vida da população numa análise social e económica vai mudar. A energia eléctrica, que era tanto esperada há cerca de quatro anos, vai estimular o exercício de actividades de rendimento, factor importante no esforço para a melhoria do nível de qualidade de vida das famílias”.
O projecto para a electrificação de Matchedje, cerca de 220 quilómetros da cidade de Lichinga, capital provincial, foi desenhado em meados do ano 2018.
Prevendo uma corrida desenfreada à terra para implantação de infra-estruturas sociais e económicas, como resultado da concretização do processo de electrificação do posto administrativo, as autoridades locais desenharam um plano de urbanização que, segundo Daimone Hassane, privilegiou espaços para construção de infra-estruturas do governo e da população.
A segunda fase da iniciativa, desenvolvida com apoio das autoridades provinciais, focou-se na demarcação de parcelas para o desenvolvimento de actividades económicas, nomeadamente, indústrias, comércio e turismo.
“Depois que o sistema fotovoltaico iniciou a fornecer energia à vila de Matchedje, no passado dia 25 de Junho, aumentaram, junto do governo local, pedidos de esclarecimento relativos aos mecanismos para o estabelecimento de pequenas industriais e casas comerciais”, disse o chefe do posto.
Até a passada sexta-feira, tinham sido aprovados seis pedidos de implantação de moageiras que haviam dado entrada nos últimos 30 dias. Hassane Daimone precisou que se trata de cidadãos nacionais que já adquiram os equipamentos e que a sua montagem está dependente da finalização dos procedimentos legais para a atribuição da respectiva parcela.
Acrescentou que o governo local aguarda pelo aval do Fundo Nacional de Energia (FUNAE), relativamente ao fim da fase experimental do sistema, para permitir ligações a instalações com fins económicos, que podem significar maior consumo de energia.
No entanto, foi aprovado recentemente o pedido de um agente económico nacional para construção de um armazém, o primeiro do género na história de Matchedje, para venda a grosso e a retalho de produtos alimentares entre outros bens industrializados. O chefe do posto precisou que a mercadoria para abastecer o armazém será adquirida em Lichinga e na vizinha República Unida da Tanzânia, situada a norte do distrito de Sanga, facto que vai aliviar a população que é forçada a deslocar-se para os principais centros urbanos para fazer a aquisição de bens de primeira necessidade.
Alguns empresários realizaram missões exploratórias a Matchedje para se inteirar junto das autoridades locais sobre a possibilidade de implantação de serviços de hotelaria e turismo.
Daimone Hassane precisou tratar-se de investidores idos da Tanzânia e do Malawi, incluindo da localidade de Lupilichi, conhecida pelo facto de agrupar investidores ligados à exploração de recursos minerais, em particular o ouro.