Fonte: DW
Porta-voz do Exército do Ruanda diz que insurgentes fugiram para pequenas localidades de Mocimboa da Praia. Um ano depois da ocupação terrorista, vila sede pode estar prestes a ser retomada: “Estamos a aproximar-nos”.
O porta-voz do Exército do Ruanda, Ronald Rwinga, disse esta quinta-feira (05.08) que houve êxitos no esforço da força conjunta ao expulsar grupos de militantes de algumas áreas de Mocímboa da Praia, mas que os jihadistas ainda não fugiram do distrito.
Nos últimos dias, forças ruandesas ajudaram o Exército de Moçambique a recuperar o controlo de Awasse – uma pequena, mas estratégica localidade perto da vila sede de Mocimboa da Praia, tomada por insurgentes em agosto do ano passado.
“Estamos a progredir bem na província de Cabo Degaldo”, disse o coronel Rwivanga à agência AFP num texto enviado por telefone. Registamos sucessos em duas frentes e estamos a cerrar em Mocimboa da Praia”, acrescentou, referindo-se à vila sede do distrito que está ocupada pelo grupo armado desde 12 de agosto de 2020.
A vila sede de Mocímboa da Praia tornou-se um local simbólico na luta de Moçambique contra a insurgência patrocinada pelo “Estado Islâmico”. Lá ocorreram os primeiros ataques em outubro de 2017. Analistas consideram que uma base terrorista foi consolidada desde o ano passado na sede administrativa do distrito.
O simbolismo da vila sede
As forças militares moçambicanas têm lutado para recuperar o controlo sobre a província, que alberga um dos maiores projetos de gás natural liquefeito de África, liderado pela francesa Total.
Com a chegada do reforço ruandês e a tomada conjunta de Awasse, o conflito pode estar a iniciar uma espécie de viragem, que seria consolidada com a libertação da vila sede do distrito. No entanto, parece cedo para dizer que o território está garantido.
O Ruanda diz que os rebeldes fugiram de Awasse para outras pequenas localidades perto do centro administrativo de Mocimboa da Praia, “mas estamos a aproximar-nos” deles, diz Rwivanga.
Numa entrevista à agência Lusa, o militar informou que os enfrentamentos estariam a ocorrer contra “pequenos grupos” de terroristas que “estão em todo o lado”. A força ruandesa também dá conta de que se tratam de insurgentes armados de “granadas por foguetes, metralhadoras e armas antiaéreas” e se deslocam em motos, movimentando-se com facilidade.
Número de baixas
O porta-voz das forças ruandesas estimou em 70 o número de baixas provocadas junto dos insurgentes, apontando que este pode ser mais alto. “São aqueles [corpos] que vimos fisicamente. Os relatos dizem que os insurgentes levam os [corpos dos] mortos em combate, por isso a possibilidade é que o número seja muito mais alto do que o que vimos”, explicou.
A força de 1.000 homens do Ruanda foi destacada a 9 de julho, na sequência de uma visita a Kigali em abril pelo Presidente Filipe Nyusi. Semanas depois da chegada dos militares do Ruanda, países vizinhos, sob a égide do bloco regional de 16 membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral começaram a enviar tropas – nomeadamente Botswana, Angola, África do Sul e Zimbabué.
A União Europeia também estabeleceu formalmente a 12 de julho uma missão militar para Moçambique para ajudar a treinar as suas forças armadas.