Home Gapi: “Estamos a Apostar na Tecnologia e em Novos Serviços Para Promover a Inclusão Financeira e o Desenvolvimento Sustentável de Moçambique”

Gapi: “Estamos a Apostar na Tecnologia e em Novos Serviços Para Promover a Inclusão Financeira e o Desenvolvimento Sustentável de Moçambique”

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Fonte: Diário económico

“Iniciamos o exercício de 2024 com uma nova grelha de produtos financeiros focados na inclusão a serem disponibilizados por uma vasta rede com presença física em mais de 30 distritos do País. E para assegurar a eficiência desta rede e da qualidade dos serviços prestados estamos num processo adiantado de instalar uma infra-estrutura e software para que os procedimentos e produtos sejam operacionalizados de forma digitalizada”. É desta forma que Adolfo Muholove, presidente da Comissão Executiva da Gapi, começa por explicar, em entrevista ao DE, a estratégia aprovada para este ano.

A esse nível, o PCE da Gapi esclarece que, em 2023, os accionistas da empresa mandataram os executivos para conceber e implementar um conjunto de medidas que consolidem o papel da instituição como intermediário e gestor de fundos para financiar o desenvolvimento do sector privado e com impacto em segmentos relevantes para a inclusão social e económica.

“A Gapi tem acordos e contratos com várias instituições que depositam em nós confiança para gerirmos os seus fundos e implementarmos projectos que respondam às suas agendas e programas. Para respondermos melhor a essa procura dos nossos serviços, concebemos uma nova grelha de produtos e linhas de crédito que permite acomodar a diversidade dessas agendas e programas desde que se enquadrem na nossa estratégia de investimentos com impacto social, conforme a missão da instituição”, adianta o responsável.

Novos produtos e serviços para… novas necessidades

“A nossa grelha de serviços financeiros é agora constituída por seis produtos básicos: primeiro, temos a continuidade e reforço da intervenção tradicional da Gapi que designamos “PME Empregadoras”, onde se enquadram investimentos entre os 250 mil meticais (cerca de 4 mil dólares) até um máximo de 12,5 milhões de meticais (200 mil dólares). Este segmento de clientes é vasto, mas priorizamos os investimentos que, além de criarem mais empregos, demonstrem impacto positivo nas economias locais. Excepcionalmente, podemos ter operações com limites superiores se realizarmos parcerias com outras entidades”.

“Temos dois outros produtos focados em segmentos sociais que carecem de uma atenção particular, designadamente o empoderamento da mulher e a promoção da juventude com vocação empreendedora, pelo que criámos produtos específicos – “Empodera” e “Juve-Inova” –, que oferecem termos e condições relativamente vantajosas para mulheres e jovens”.

“Um quarto produto, visando oferecer uma resposta mais adequadas às necessidades de fundos de maneio das PME é o financiamento à “Tesouraria PME”. Nesta linha, atendemos à necessidade de fundos de curto prazo, isto é, menos que 12 meses para negócios já em curso.”

“Enquanto instituição financeira de desenvolvimento estamos cientes da importância de promover o meio ambiente sustentáve,l pelo que temos agora o produto “Finanças Verdes” através do qual estruturamos financiamentos de operações com impacto positivo no meio ambiente”.

“Mas, além das PME, entendemos que existem dezenas de milhares de micro negócios que são a base de sustento de muitas famílias e, em muitos casos, o ponto de partida ou nascimento de futuras PME e de empresários. Este produto – “Mola MicroNegócio” – foi concebido para responder a dois objectivos económicos. Primeiro, promover a formalização da economia, pois o acesso a estes financiamentos está condicionado à comprovação dos licenciamentos e registos legais exigidos para cada tipo de negócio. Segundo, através de algumas linhas especificas enquadradas neste produto, promovemos a incubação de startups que se apresentem com serviços inovadores”, sublinha.

Além desta diversidade de oferta de serviços financeiros, o PCE da Gapi sublinhou que, em virtude dos acordos estabelecidos com vários parceiros, a maioria das linhas de crédito contém condições favoráveis, dando o exemplo das “taxas de juro aplicadas às PME que estão abaixo da Prime Rate da banca comercial”, enaltece.

Um instrumento de financiamento às MPME

“Ainda assim, a postura da nossa instituição não é concorrer com os bancos, mas sim promover empresas e empresários que, tendo sucesso com os nossos serviços, possam tornar-se bons clientes dos bancos.  Além do mais, a Gapi, sendo uma sociedade de investimentos, não recebe depósitos do público e, por isso, os nossos clientes devem manter contas bancárias com as instituições reguladas pelo Banco de Moçambique. Temos também casos onde ocorrem parcerias com bancos através de operações de co-financiamento ou disponibilizando instrumentos de garantia”.

“Estamos cientes que um dos principais problemas no acesso ao crédito é a fragilidade de garantias por parte da maioria dos empreendedores. A Gapi também exige garantias, pois quem assume uma dívida tem de assumir responsabilidades. Contudo, há formas de atenuar esta fragilidade. Dada a diversidade das nossas linhas de crédito desenvolvemos várias soluções. Há situações, particularmente nos negócios de menor exposição, em que se aceitam bens móveis. Nos casos de jovens que nada têm, procuramos identificar alguém que o conheça e sirva de fiador ou avalista, mesmo que não o seja nos termos financeiros do contrato de crédito. Em muitos casos, os proprietários de PME têm garantias reais, mas que não estão registadas ou avaliadas, e aí temos um serviço de assistência para regularizar os seus bens, tornando-os bancáveis.”

Em resumo, sobre esta grelha, sublinho que ela foi pensada para que as disponibilidades de recursos por parte de algumas instituições, sobretudo da cooperação bilateral, tenham impacto na inclusão financeira e, consequentemente, num desenvolvimento mais sustentável. Como disse há dias o Governador do Banco de Moçambique: o País tem um problema sério de inclusão financeira. E não há desenvolvimento inclusivo e equilibrado, económico e social, sem se lidar com as questões da inclusão financeira. A Gapi está há décadas focada nesse problema e vamos ganhando experiência. Periodicamente, actualizamos a nossa estratégia, mas sempre com a mesma missão”.

Quanto à forma de canalizar e fazer chegar esta grelha de serviços financeiros para que ela seja de facto impactante neste esforço nacional da plena inclusão financeira, o PCA da Gapi aponta três instrumentos: “Primeiro, adoptando ferramentas informatizadas. Instalámos, por isso mesmo, um software bancário para uma gestão profissional das carteiras de financiamento destes produtos que já está a funcionar em todas as nossas cerca de 30 unidades espalhadas por todo o País. Esta ferramenta está agora a ser complementada com um aplicativo que permitirá, dentro de alguns meses, uma extensa digitalização de procedimentos e da entrega destes produtos.” Depois, prossegue, “estes serviços financeiros estão interligados com serviços de desenvolvimento de negócios que designamos por Capacitação e Consultoria Empresarial. Algumas das linhas de crédito irão ser disponibilizadas como parte de projectos que incluem essa assistência técnica. Melhorar o historial de sucesso dos nossos clientes é um objectivo sempre presente que estamos a aprimorar com actividades de literacia financeira.

“Finalmente, em suporte a toda esta actividade, iremos lançar uma plataforma de divulgação de informação orientada para as Finanças para o Desenvolvimento com a sigla “Fin4Dev – Finance4Development, um projecto editorial com foco no desenvolvimento, criado e gerido em parceria com a Media4Development – publisher moçambicana especializada em informação económica e financeira e detentora da revista Economia & Mercado Moçambique e dos portais Diário Económico 360º Mozambique –, com a qual pretendemos criar um espaço de informação e debate sobre os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o reconhecido contributo que a inclusão financeira pode trazer para dinamizar a realização dos ODS.

Nessa plataforma, iremos divulgar e debater experiências e propostas de melhoria para que Moçambique seja mais incluso e haja mais justiça social”, conclui Adolfo Muholove.

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