No mercado grossista do Zimpeto, começam a escassear a batata e cebola, produtos importados, maioritariamente, da África do Sul.
No mercado, os poucos camiões que ainda sobram estão quase vazios e as bancas com poucos produtos, uma imagem diferente da que se está acostumado a ver naquele mercado.
Por conta da violência na terra do Rand, os vendedores receiam viajar para aquele país.
“Sabemos que a situação lá está mal, somos comerciantes e dependemos da África do Sul para abastecer o mercado, mas há muitos estragos e sabotagem e, se virem um comerciante moçambicano a chegar lá, vão logo atacar e será pior, preferimos não arriscar”, contou Amadeu Magaia, comerciante.
Amadeu viaja pelo menos duas vezes por semana e a última vez em que esteve naquele país foi na quinta-feira, antes da onda de violência intensificar-se e diz que o stock já é limitado.
“Não sabemos quando voltaremos a viajar, a situação não é só minha, todos nós estamos a passar por isso, mas a vida é mais importante que o dinheiro”, sublinhou.
Dos cálculos feitos pelos comerciantes, o stock que ainda existe é suficiente para mais dois dias e, depois disso, o mercado ficará “às moscas”, pois, por medo de os produtos acabarem, o fluxo de clientes também aumentou no mercado.
Por conta da situação, Justino Tovela já prevê a subida de preços. “Se este produto acabar, antes de reabastecermos, os que conseguirem alguma mercadoria poderão aumentar o preço do produto, por exemplo de 210 para 230. E mesmo quando conseguirmos voltar à África do Sul, porque lá de certeza que os preços vão aumentar e o processo será muito longo para conseguir a mercadoria”, explicou Tovela.
O presidente da Associação Mukhero diz que, ainda na semana passada, logo após o início dos tumultos, foram alertados para não viajar para aquele país pelos seus fornecedores, mas, ainda assim, há quem já se arriscou.
“Dos comerciantes que estiveram lá quando iniciaram os tumultos, já regressaram, agora temos conhecimento de que, ontem, saíram quatro camionistas para África do Sul, dois estão em Joanesburgo e outros dois estão em Pretória”, apontou Sudecar Novela.
A África do Sul é o principal fornecedor de cebola e batata no mercado Grossita do Zimpeto e as mercadorias provêm de Pretória e Joanesburgo.
Fonte: O País