Fonte: BBC
Encontrar pessoas dispostas a falar comigo de Mariupol nunca seria fácil.
Após 10 meses de ocupação russa, medo e desconfiança são as duas respostas mais frequentes que encontrei ao procurar alguém que pudesse me contar como realmente estão as coisas em Mariupol, no sudeste da Ucrânia .
“Acho que você é um jornalista russo. Você não vai gostar do que tenho a dizer. Pessoas como você matam se contar a verdade”, disse um usuário de mídia social que afirmou ser da cidade portuária.
As forças russas colocaram o povo de Mariupol em um terrível cerco de meses, antes de finalmente capturá-lo em maio passado.
Por fim, encontrei três moradores dispostos a conversar longamente comigo: um vereador, um aposentado e um engenheiro. Todos falaram sob condição de anonimato, temendo represálias das autoridades locais instaladas pela Rússia (que bloqueiam o acesso à Ucrânia ocupada por jornalistas ocidentais).
Eles pintam um quadro de uma campanha massivamente cara conduzida pela Rússia para conquistar os corações e mentes do povo de Mariupol e reconstruir uma cidade danificada além do reconhecimento pelas próprias tropas russas.
O objetivo desta campanha é assimilar Mariupol e torná-la própria da Rússia.
Seus relatos corroboram um ao outro e são confirmados por postagens nas redes sociais sobre os acontecimentos recentes em Mariupol.
Antes do início desta guerra, cerca de meio milhão de pessoas viviam na cidade.
Segundo estimativas da ONU, 90% dos edifícios residenciais foram danificados ou destruídos e 350.000 pessoas foram forçadas a sair depois que a Rússia atacou em fevereiro de 2022.
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É difícil estimar o número exato de pessoas mortas como resultado do bombardeio implacável de Mariupol, mas as autoridades ucranianas dizem que mais de 20.000 morreram lá.
Autoridades instaladas pela Rússia em Mariupol dizem que cerca de 300.000 pessoas vivem lá.
As pessoas que falaram comigo de Mariupol disseram que sua cidade foi inundada por trabalhadores de toda a Rússia, bem como da Ásia Central.
Oleg Morgun, o “prefeito” de Mariupol instalado pela Rússia, diz que cerca de 70.000 dos que estão atualmente na cidade são trabalhadores da construção civil e membros do exército russo.
