Fonte: Carta Mz
O Hospital Privado de Maputo é acusado de ter extorquido uma família que tinha um seu ente-querido internado naquela unidade sanitária privada. De acordo com uma denúncia recebida na nossa redacção, a extorsão foi levada a cabo por aquela unidade sanitária, mesmo depois de se ter detectado que o referido paciente tinha perdido a vida. Aliás, a denúncia diz que o hospital até negou a remoção do corpo, alegando que este só sairia daquela unidade sanitária após a liquidação total da dívida contraída durante o internamento do paciente.
“Pagamos 502 Mil Meticais de uma suposta caução, porque a minha tia foi internada no sábado às 20:00 horas e alguns minutos, entretanto, até terça-feira ela já apresentava melhorias. Na quarta-feira, quando fomos para lá, disseram-nos que tínhamos uma dívida de 286 Mil Meticais porque aplicaram uma certa medição. No mesmo instante, dissemos que já não tínhamos dinheiro, mas que íamos criar condições de pagar, mas de momento preferimos fazer a transferência da nossa tia para um hospital público. Na quinta-feira, quando fomos, já tínhamos para onde transferir a nossa tia, porém, começaram a fazer cobranças do valor e disseram-nos que só depois de pagar o valor da dívida é que podíamos fazer a transferência e acrescentaram, dizendo que não pararam de assisti-la, o que significa que o valor continuou a aumentar”, diz a denúncia.
“Por conta do rumo em que as coisas estavam a tomar, acabamos pedindo para falar com o médico que, infelizmente, nos veio informar que a nossa tia faleceu às 07:00 horas, mas o senhor Lúcio Cossa do Hospital Privado continuava a cobrar a dívida para efectuarmos a transferência, mesmo sabendo que ela já tinha morrido. Assim sendo, fomos informados que a responsabilidade da remoção do corpo da nossa tia era da família e daí fomos procurar uma agência funerária, pagamos e voltamos ao Hospital Privado para tratar da remoção e foi daí que veio outro balde de água fria: não podíamos fazer a remoção do corpo antes de pagar a dívida que nem chegaram a informar à família que o valor da caução havia excedido”, acrescenta.
“Entretanto, uma Organização Não-Governamental pagou 30 Mil Meticais e havia um valor de 55 Mil Meticais do laboratório, assim a nossa dívida era de 203 Mil Meticais e só depois de pagar é que podíamos levar o corpo. Informamos ao hospital que íamos tentar bater portas para ver se conseguimos o valor para poder fazer o velório dela. Passadas umas três horas, o hospital contactou-nos para saber quanto tínhamos já angariado e dissemos que tínhamos uns 70 Mil Meticais. Por sua vez, disseram que tínhamos de fazer esforços até conseguirmos 120 Mil Meticais e só depois podíamos ir fazer a remoção do corpo e assim o fizemos”, relata a denúncia.
“Carta” deslocou-se ao Hospital Privado de Maputo para se inteirar do assunto, mas sem sucesso. A nossa reportagem esteve naquele local no domingo, tendo sido orientada a regressar na segunda-feira para poder interagir com a direcção do Hospital, porém, ontem, após três horas de espera, uma funcionária que não se identificou respondeu: “Não precisamos saber qual é o assunto que trouxe a senhora até aqui, porque nós não temos nada para falar com jornalistas”.