Fonte: Esquento
O antigo presidente moçambicano Joaquim Chissano apelou ao Governo para considerar a possibilidade de diálogo com os grupos armados que atuam em Cabo Delgado, assinalando que há “certos tipos de terrorismo” que acabaram através de negociações.
“Pode ser que apareça um líder desse grupo que nos ofereça a oportunidade de um diálogo que conduza ao fim” da violência armada na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Joaquim Chissano, um dos mais destacados líderes históricos da Frelimo, partido no poder, falava em entrevista à emissora pública Rádio Moçambique, cujos excertos começaram a ser divulgados hoje. Chissano salientou que há casos no mundo em que o extremismo foi convencido a negociar e a acabar com a violência.
O antigo chefe de Estado moçambicano defendeu que devem ser estudadas as causas da violência armada em Cabo Delgado, como forma de resolução da crise militar e social que se vive na província.
Joaquim Chissano foi Presidente de Moçambique entre 1986 e 2005, tendo sido no seu mandato que terminou a guerra civil de 16 anos, através de negociações com a antiga guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), hoje principal partido da oposição. O atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem manifestado disponibilidade para negociar com os grupos armados que aterrorizam Cabo Delgado há mais de três anos, mas tem-se queixado de os insurgentes não apresentarem “rostos” que permitam um diálogo.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.
Há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.