Fonte: BbcNews
Uma milícia iraquiana apoiada pelo Irã suspeita de um ataque de drone na Jordânia que matou três soldados dos EUA diz que suspendeu as operações contra as forças dos EUA.
Kataib Hezbollah, que faz parte de um grupo guarda-chuva que reivindicou o ataque de domingo, disse que isso foi “para evitar o constrangimento do governo iraquiano”. O departamento de defesa dos EUA disse: “As ações falam mais alto do que as palavras”.
Enquanto isso, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que havia decidido como responder ao ataque, mas não elaborou.
O Irã alertou que retaliaria contra qualquer ataque aos seus “interesses”.
Anteriormente, negou as acusações dos EUA e do Reino Unido de que estava envolvido no ataque.
Os EUA sugeriram uma resposta armada que pode vir em várias ondas.
O secretário-geral do Kataib Hezbollah, Abu Hussein al-Hamidawi, disse em um comunicado na terça-feira: “À medida que anunciamos a suspensão das operações militares e de segurança contra as forças de ocupação – a fim de evitar o constrangimento do governo iraquiano – continuaremos a defender nosso povo em Gaza de outras maneiras”.
Os três soldados dos EUA foram mortos em uma base ao lado da fronteira jordaniano-síria por um “tipo de drone Shahed”, os drones de ataque unidirecional que o Irã tem fornecido à Rússia, disse um funcionário dos EUA à CBS News, parceira da BBC nos EUA.
Dezenas de soldados ficaram feridos no ataque à Torre 22, que foi atingido enquanto as forças dos EUA estavam dormindo em seus beliches.
Os EUA culparam os grupos apoiados pelo Irã e ainda não determinaram conclusivamente que o Kataib Hezbollah estava por trás disso.
No entanto, uma porta-voz do Pentágono disse que carregava “as pegadas” do grupo.
“As ações falam mais alto do que as palavras”, disse Pat Ryder aos repórteres depois que o grupo divulgou sua declaração.
“Haverá consequências”, acrescentou ele.
Enquanto isso, os EUA estão tomando medidas para reforçar a segurança na Torre 22, onde cerca de 350 soldados dos EUA estão estacionados em uma missão focada em derrotar o grupo do Estado Islâmico (EI).
Defesas aéreas adicionais estão sendo enviadas para a base, disse um funcionário dos EUA à CBS News na terça-feira, incluindo um sistema projetado para interceptar drones.
“Certamente todos os caminhos de responsabilidade levam de volta ao Irã”, disse o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Mike Turner, à BBC News, também ligando o país a ataques do movimento Houthi apoiado pelo Irã do Iêmen contra navios no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.
“Isso precisa ser respondido de uma maneira que eles entendam que não vamos apenas continuar a jogar na defensiva”, disse ele.
Ele acrescentou que a reação dos EUA forçaria o Irã a “compreender que este é um conflito que vai chegar à sua porta”.
O Sr. Biden tem ponderado uma série de opções de retaliação, incluindo ataques a bases de milícias e comandantes alinhados ao Irã.
Os EUA também poderiam ter como alvo comandantes seniores do Corpo de Guarda da Revolução Islâmica (IRGC) do Irã no Iraque ou na Síria.
Também é possível que os EUA ataquem dentro das fronteiras do Irã, um movimento que é considerado a maior escalada possível que o Sr. Biden poderia tomar.
Em Nova York, o enviado iraniano à ONU, Amir Saeed Iravani, alertou que o Irã “responderia decisivamente a qualquer ataque ao país, seus interesses e cidadãos sob qualquer pretexto”, informou a agência de notícias estatal iraniana Irna.
Ele também negou relatos de que várias mensagens foram trocadas entre os EUA e o Irã por meio de intermediários nos últimos dois dias.
O Irã construiu uma ampla rede de grupos armados aliados e procuradores que operam em países de todo o Oriente Médio. Eles se opõem a Israel e aos EUA, e às vezes se referem a si mesmos como o “Eixo da Resistência”, embora a extensão da influência do Irã sobre eles não seja clara.
Os EUA dizem que a coordenação é supervisionada pelo IRGC e seu braço de operações no exterior, a Força Quds. Ambos são designados pelos EUA como organizações terroristas, assim como vários grupos armados regionais, incluindo Kataib Hezbollah.
Os grupos intensificaram drasticamente seus ataques contra Israel, forças dos EUA e outros alvos ligados desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza em outubro, no que eles dizem ser uma demonstração de sua solidariedade com o povo palestino.
Muitos dos pelo menos 165 ataques de drones, foguetes e mísseis em bases dos EUA no Iraque e na Síria, ou instalações que hospedam tropas dos EUA, desde 17 de outubro, foram reivindicados por um grupo guarda-chuva de milícias apoiadas pelo Irã que se autodenominam de Resistência Islâmica no Iraque.
Em resposta, os EUA dizem que atingiram alvos pertencentes ao IRGC e milícias que se acredita terem fortes ligações com a força, incluindo Kataib Hezbollah, Harakat al-Nujaba e Asaib Ahl al-Haq.
O ataque de domingo, que a Resistência Islâmica no Iraque disse estar por trás, foi o primeiro a matar tropas dos EUA na região desde o início da guerra de Gaza.
No mês passado, os EUA disseram que realizaram ataques aéreos contra grupos afiliados ao Irã depois que três militares dos EUA foram feridos, um de forma crítica, em um ataque de drone em uma base no norte do Iraque.
No início de janeiro, um ataque dos EUA em Bagdá matou um líder de Harakat al-Nujaba que foi acusado de estar por trás de ataques ao pessoal dos EUA.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse na semana passada que ataques a três instalações no Iraque pertencentes ao Kataib Hezbollah e a outros grupos estavam “em resposta direta a uma série de ataques escalonados” contra os EUA e outras forças internacionais no Iraque e na Síria.
