Fonte: AIM
A persistente onda de desinformação sobre a origem da cólera, que grassa em alguns distritos da nortenha província de Nampula, levou o secretário de Estado, Jaime Neto, a instruir o sector da saúde e a Polícia para desencadearem acções para pôr termo a situação.
O facto aconteceu quinta-feira, na primeira sessão do ano do Centro Operativo de Emergência, (COE), onde o chefe do Departamento de Saúde Pública, no respectivo Serviço Provincial, Geraldino Avalinho, queixou-se das agressões que os profissionais são alvo.
Na altura, Avalinho informou sobre o medo manifestado pelos profissionais da Saúde quando se fazem aos locais da ocorrência da doença para prestar assistência às comunidades.
“Para cortar a cadeia de transmissão os profissionais devem chegar até onde foi detectado o primeiro caso de cólera e mesmo os agentes polivalentes que temos nas comunidades têm medo por causa da onda de desinformação sobre a verdadeira origem desta doença, que está cada vez pior”, afirmou.
Para o efeito, o secretário de Estado instruiu para a elaboração de estratégias para travar a onda de desinformação que, em alguns casos, culminou com ataques a profissionais da saúde e líderes comunitários.
“A actividade de sensibilização nas comunidades deve ser contínua, não apenas durante a época chuvosa. Portanto, é preciso trazer estratégias para combater a onda de desinformação, reflectir para encontrar saídas, porque a situação é preocupante”, afirmou Jaime Neto.
Confirmou que pelo menos 12 pessoas morreram de cólera de um total de 3.131 casos diagnosticados, desde a eclosão do surto, o ano passado, que assola os distritos de Nacarôa, Eráti, Nampula, Mecubúri, Meconta e Malema.
Constituem factores de risco a fraca cobertura de abastecimento de água, deficiente saneamento do meio, incumprimento de medidas básicas de higiene individual e colectiva, desinformação sobre a doença, referiu.
Mas a época chuvosa, segundo o governante, trouxe mais impactos negativos.
“Dados preliminares cumulativos apontam para 2.229 pessoas afectadas desde o início da presente época chuvosa, de Outubro de 2023 até 17 de Janeiro de 2024, o correspondente a 449 famílias, destruição de 325 casas, sendo 76 totalmente e 249 parcialmente, três unidades sanitárias, oito postes de energia tombados e 10 óbitos. Os vendavais e chuva forte foram as principais causas de destruição de casas e os óbitos tiveram como causas, descargas eléctricas, arrastamento e afogamento”, detalhou.
Neto anunciou que o governo já pré-posicionou bens alimentares, de saúde e outros meios, em locais que poderão sofrer as consequências da presente época chuvosa, particularmente nas zonas de difícil acesso.
Num outro desenvolvimento, o Instituto Nacional de Meteorologia, (INAM), anunciou que, devido a influência da zona de convergência intertropical, prevê para a província de Nampula (todos os distritos) de 18 a 28 do corrente mês, a ocorrência de chuva fraca a moderada e localmente forte, acompanhada de trovoadas locais e ventos fracos a moderados.
A precipitação acumulada poderá estar entre 100 a 200 milímetros nesse período.