Fonte: Notícias ao minuto
A ONU lançou hoje um apelo urgente para angariação de fundos para Myanmar, onde o número de pessoas com fome pode duplicar até outubro e atingir 6,2 milhões de habitantes de um país arrasado política e economicamente.
O diretor do Programa Alimentar Mundial no país, Stephen Anderson, estimou hoje serem necessários 86 milhões de dólares (cerca de 72,8 milhões de euros) para os próximos seis meses, referindo, no entanto, que falta 70% desse valor.
“Vemos a fome espalhar-se cada vez mais em Myanmar [antiga Birmânia]. Quase 90% das famílias vivem em bairros de lata ao redor de Rangum [a capital económica do país] e são forçadas a pedir dinheiro para comprar comida”, disse numa vídeoconferência de imprensa realizada a partir de Genebra.
Stephen Anderson lembrou que o país vive um ‘tsunami’ ao nível da saúde, da situação política e da economia desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro, quando o exército depôs o Governo eleito de Aung San Suu Kyi, pondo fim a um período de democracia que durou 10 anos.
Desde maio, o Programa Alimentar Mundial (PAM) colocou em prática um plano para fornecer ajuda alimentar a dois milhões de pessoas em Rangum e Mandalay, as duas maiores cidades do país, destinada principalmente a mães, crianças, idosos e deficientes.
Até agora, 650.000 pessoas receberam ajuda em áreas urbanas, refere um comunicado da organização, acrescentando que um total de 1,25 milhões de pessoas recebeu alimentos e dinheiro do PMA desde o início do ano, tanto nas áreas urbanas como nas rurais.
Desde o golpe de Estado militar de fevereiro, Myanmar encontra-se numa situação de caos, com a economia paralisada e palco de várias manifestações e distúrbios fortemente reprimidos pelas forças militares e pela polícia birmanesa.
O exército de Myanmar justificou o golpe de Estado com supostas fraudes eleitorais durante as legislativas de novembro de 2020, cujo resultado deu a vitória à Liga Nacional para a Democracia, liderada pela ativista e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
As eleições legislativas foram consideradas legais pelos observadores internacionais.
Segundo informações de fontes credíveis recolhidas pelo comité da ONU, desde fevereiro, “75 crianças foram mortas, cerca de 1.000 foram detidas arbitrariamente e numerosas outras foram privadas de cuidados médicos essenciais e de educação”.