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PGR na rota do escândalo financeiro na LAM

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Em conferência de imprensa, o Director de projectos da comissão gestora da LAM, liderada pela companhia sul-africana Fly Modern Ark, Sérgio Matos, denunciou um esquema de desvio de dinheiro em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS), que não são da companhia.

Fonte: Integritymagazine

“Fizemos um trabalho relâmpago com a segurança interna da LAM de recolher todos os POS, e, dos 20 pontos de venda de bilhetes da LAM, recolhemos, até domingo antepassado, 11 de fevereiro, 81 POS. Há algumas lojas onde os próprios chefes dos estabelecimentos não reconhecem as máquinas e dizem não saber sequer a quem pertencem”, declarou Sérgio Matos.

A fiscalização começou há quase três semanas, quando a empresa percebeu que, embora o número de bilhetes vendidos esteja a subir, as contas continuam longe do esperado.

“Está-se a vender, mas a empresa não está a ter todo o dinheiro e nos últimos três meses das avaliações, fomos vendo que o diferencial que estávamos a ter estava na ordem entre dois milhões dólares e três milhões de dólares. Só no mês de dezembro, estamos com um défice de 3,2 milhões de dólares”, observou.

Sérgio Matos avançou ainda que a inspecção registou casos suspeitos mesmo na recolha de dinheiro vivo nas lojas.

“A recolha do dinheiro em caixa é feita pelas empresas de segurança privada, estranhamente, quando procuramos saber, nos pontos de venda da LAM, como é que é feita e quando é que recebem, constatou-se que, algumas vezes, o depósito é feito três dias depois, o que quer dizer que recolhe-se dinheiro na companhia e depois o mesmo fica guardado algures por dois, três dias e mais tarde é que vem o `borderô´” (documento com demonstração de créditos e débitos de uma operação), frisou o Director de projectos da FMA.

ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS

A sindicância levada a cabo também identificou anomalias no que toca ao abastecimento de combustível às aeronaves. “Se uma aeronave tem capacidade máxima de combustível na ordem de 80.000 litros, nós chamamos de 80 toneladas, [nos documentos] a mesma aeronave está a ser abastecida a 95 toneladas. Então, a questão é onde as 15 toneladas restantes estão a entrar”, questionou.

Além destas anomalias, o Director de reestruturação da LAM denunciou a descoberta de uma conta no Malawi com 1,2 milhões de dólares, a que ninguém na companhia tem acesso. “Ninguém sabe como movimentar ou tirar este valor”, declarou Sério Matos, que denunciou também casos de funcionários “que usam ou usaram fundos da companhia para a compra de casas próprias”.

Na mesma conferência de imprensa, a FMA afirmou que o problema de atrasos de voos não se deveu à falta de pagamento das dívidas, mas sim à falta de combustível por parte da empresa responsável por abastecer as aeronaves para aquelas determinadas rotas. Como alternativa, a LAM solicitou os serviços da Petromoc e da Puma. Misteriosamente, o Director de reestruturação da LAM estranha a reacção da Petromoc, que tenta desmentir algo que não foi afirmando.

“Em nenhum momento dissemos que a Petromoc teve falta de combustíveis entre os dias 10 e 11 de fevereiro, tanto é que solicitamos os seus serviços para fechar a lacuna aberta pela empresa que deveria fornecer combustível naquelas rotas”, lamentou Matos.

Para o Director de reestruturação da companhia nacional, a reacção da Petromoc enquadra-se nos actos de sabotagem e resistência a reformas em curso na mesma. Mesmo assim, garante estar firme no cumprimento do contrato firmado com o Governo e na recuperação da sustentabilidade financeira e técnica da LAM. “Estamos no bom caminho para devolver o prestígio que a LAM merece”, sublinhou.

A rede de voos da LAM conta com 12 destinos no mercado doméstico, ao nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar Es Salaam, Harare, Lusaca e Cidade do Cabo, enquanto Lisboa é desde 12 de dezembro o único destino intercontinental. Diariamente, a LAM realiza mais de 40 voos, operados através da sua frota composta por um Boeing 737, três Q400, dois Bombardier CRJ 900 e dois Embraer 145 operados pela sua subsidiária Moçambique Expresso (MEX).

À hora do fecho desta edição, o PÚBLICO soube que a Procuradoria-geral da República já recebeu o dossier relacionado com o desvio de fundos da LAM. Aliás, o Ministério Público já vinha investigando a direcção da LAM desde 2022, e nos próximos dias a novela promete novos capítulos. 

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