Fonte: 360Mozambique
Os números do governo moçambicano mostram uma forte dependência do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria extrativa e do setor de mineração, que atingiu 10,55 por cento em 2022, para ficar em 32,58 por cento no primeiro trimestre de 2023 e 42,71% no segundo trimestre do mesmo ano.
Na verdade, nenhum outro setor da economia alcançou um desempenho semelhante e vários setores experimentaram o movimento oposto, a saber, o setor da construção, que caiu 10,31 por cento, a indústria manufatureira diminuiu 7,77 por cento e a pesca caiu cerca de 9,16 por cento.
De acordo com o executivo, o PIB real geral cresceu 4,17 por cento no primeiro trimestre de 2023 e 4,67% no segundo trimestre do mesmo ano.
“Em termos da dinâmica setorial mais recente, no que diz respeito ao crescimento do PIB no terceiro trimestre deste ano, o ímpeto dado pela indústria extrativa se destaca com uma variação de 43 por cento, com uma estrutura do Produto Interno Bruto dominada pelo setor agrícola e atividades relacionadas, que representa cerca de 23% da produção geral, seguida pelo setor de transporte, logística e comunicações com 11,2%”, disse o governo.
Essa tendência consolida Moçambique como um dos importantes exportadores mundiais de minerais de alto valor, como carvão, grafite e rubis, o que aumenta ainda mais os desafios do país no mercado global de pedras preciosas e metais.
Embora relate ganhos no setor nacional de mineração, também influencia perspectivas sobre a indústria futura em um contexto em que o planeta está tentando harmonizar os desafios energéticos e a exploração mineral.
Recentemente, durante a inauguração do Laboratório de Geologia do Instituto Nacional de Mineração (INAMI) em Maputo, um projeto que custou ao estado 190 milhões de meticais, o Presidente da República, Filipe Nyusi, enfatizou a necessidade de maior transparência na comercialização de minerais.
Nyusi apontou que a mineração é uma das fontes de receita de exportação e que o setor tem visto um crescimento significativo, representando 10,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, em comparação com 9,8% em 2021 e apenas 1,8% em 2011.
O Presidente também mencionou a importância da inspeção e controle rigorosos da mineração artesanal, ressaltando que mais de 229.000 pequenos produtores estão ativos na área, gerando renda para mais de 800.000 pessoas, sublinhando o compromisso do governo de promover a transparência e o desenvolvimento sustentável do setor de mineração em Moçambique.
Em uma entrevista recente ao Profile, Geert Klok, presidente da Câmara de Minas da Moçambicana (CMM), uma organização que integra grande parte da cadeia de valor da mineração, estabelecendo parcerias entre vários atores que operam na cadeia de valor de mineração dentro e fora de Moçambique, falou da contribuição e dos desafios da indústria, apontando o grafite como um dos minérios considerados fundamentais para o alcance dos objetivos de Moçambique como fonte dessa matéria-prima.
Em Moçambique, a indústria extrativa viu um crescimento significativo, subindo de 1,8% do PIB em 2011 para quase 10,6% em 2022, um aumento que, em cerca de uma década, reflete o desenvolvimento do projeto de carvão Moatize na província de Tete, seis dos projetos de areias pesadas localizados em Moma, Pebane e Chibuto, respectivamente, nas províncias de Nampula, Zambézia e Gaza.
No geral, as perspectivas econômicas do país, em um contexto de desaceleração da inflação e estabilidade cambial, o resultado de medidas restritivas que estão sendo implementadas agora e da cooperação e das condições climáticas normais, apontam para um crescimento próximo de 5,5% do PIB em 2024, uma meta que o governo pretende alcançar ou até mesmo superar.
A tendência será impulsionada pela força da indústria extrativa, com o reinício da fase de desenvolvimento dos módulos onshore do projeto de gás natural Golfinho Tuna na Área 01, a capitalização dos corredores ferroviário-porto, dados os investimentos feitos, a mobilidade rodoviária e aérea e o crescimento do turismo.