Fonte: Diário económico
O Presidente da República, Filipe Nyusi, afirmou que a petrolífera francesa TotalEnergies já devia ter retomado as operações na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.
“Por mim, o projecto de gás já devia ter sido retomado no mês passado”, declarou o estadista questionado por jornalistas sobre a situação de segurança naquela zona do País face a novas incursões rebeldes,
Falando após uma reunião do Governo, que decorreu nesta quarta-feira (21), na cidade de Pemba, o chefe do Estado classificou o apelo da França [sobre a não deslocação de cidadãos franceses para aquele ponto] como “decisão diplomática”.
“Pelo que ouvi, quem falou não foi o dono do projecto paralisado, mas sim um diplomata”, limitou-se a dizer.
Há dias, à margem da Cimeira da União Africana, em Adis Abeba, Nyusi demonstrou desconforto diante do apelo feito pela Embaixada francesa, salientando que seria expectável que dada a sua amizade com Moçambique, os mesmos decidissem apoiar e trabalhar para combater o terrorismo.
“A declaração surge num momento em que estamos a trabalhar arduamente para provar ao mundo que Moçambique está empenhado com os seus parceiros na luta contra a insurgência”, destacou.
A multinacional TotalEnergies tem em curso o desenvolvimento de construção de uma central, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, avaliada em 20 mil milhões de dólares, mas suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas.
Recentemente, o presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, avançou, durante a apresentação dos resultados de 2023, que a empresa espera recomeçar até ao final do presente ano as actividades na bacia do Rovuma.
“Estamos a monitorizar o terreno, a população civil já está de volta e verificamos uma certa normalidade. Existem algumas questões de engenharia por resolver, mas espero recomeçar o projecto até final do ano. O que não queremos que aconteça é fazer as pessoas voltarem a Cabo Delgado para, de seguida, forçá-las a sair, factor que seria muito complexo”, clarificou.
A província de Cabo Delgado enfrenta ataques terroristas há mais de seis anos, que levaram a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projectos do gás.
Depois de um período de relativa estabilidade, novos ataques e movimentações foram registados nas últimas semanas, levando entidades estrangeiras a restringirem as viagens para aquele ponto do País.