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“Teatro é um acto de resistência” – Lucrécia Paco

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Fonte: DOSSIERS & FACTOS

Em tempos da pandemia da Covid-19, tanta coisa mudou. Praticamente, já nada continua a ser o que algum dia foi. Embora alguns países estejam em processo gradual de desconfinamento, a maioria mantém duras medidas de restrição, que incluem o encerramento de grande parte dos espaços culturais, incluindo salas de teatro. Ainda assim, nada para os actores, que procuram reinventar-se para “representar” o mundo através de uma arte que, na opinião de Lucrécia Paco, é, por excelência, um acto de resistência.

De mercado “Mimanguene”, hoje conhecido como Vulcano, Lucrécia Paco cresceu artisticamente até tornar-se uma das actrizes mais aclamadas de Moçambique. Foi no “Txotxolosa”, debaixo de uma frondosa mafureira, onde deu os primeiros passos no mundo da arte, concretamente ao nível de canto e dança, disciplinas tão importantes nas suas actuações em palco.

No teatro, a arte que a tornou uma celebridade de dimensão nacional (e não só?), Lucrécia Paco ingressou em 1984, em resposta a um anúncio de um casting na mítica sala do Teatro Avenida. Conquistou um papel na peça “A Revolta da Casa dos Ídolos”, sob direcção do grupo teatral “Txova Xitaduma”, tendo contracenado com figuras como Ana Magaia, João Manja, Guilherme Mussane, Elisa Mausse e Manuela Soeiro.

Ao longo da sua carreira, Paco integrou vários elencos, desempenhando os mais diferentes papéis, entre os quais alguns têm um lugar mais especial na sua memória.

“As peças que me marcaram foram: “Os Meninos de Ninguém”, pela caracterização da personagem Ritinha, uma criança albina (xidjana) que tinha um perfil de líder num grupo de meninos de rua, uma peça dirigida por Manuela Soeiro, bem como a peça “Nove Hora”, no papel de Moleque; “As Mãos dos Pretos”, um original de Luís Bernardo Honwana, adaptado para o teatro por Manuela Soeiro, com dramaturgia de Mia Couto, peça na qual fazia papel de Sobrinho. Ainda sob a direcção de Manuela Soeiro, faço referência ao papel da avó Sumbi, na peça “Milagre de Sumbi”.

Um acto de resistência


Dona de um talento irresistível, Paco não se verga nem aceita que o teatro sucumba perante as dificuldades dos tempos actuais, ditadas pela pandemia da Covid-19. Deixa claro que, no teatro, “nada é fácil”, mas que as coisas acontecem, porque essa forma de manifestação artística é essencialmente “um acto de resistência”.

“Já o era num outro contexto, sem a pandemia, sem os fechamentos”, realça a actriz e declamadora, que saúda a “reinvenção” e a adesão dos grupos teatrais às plataformas digitais. “É assim como os poucos espaços têm estado a funcionar, é assim como se tem programado alguns festivais”, recorda.

A ideia de resistência é também extensiva à declamação, outra das muitas artes da polivalente Lucrécia Paco. Foi assim que tomou parte de diversos saraus enquadrados na “poesia de combate”, no bairro central, na cidade de Maputo. Na Escola Primária da Maxaquene, e sob direcção do professor Magaia, declamou como forma de dar continuidade a algo que já praticava na sua infância.

De resto, o fascínio pelas crianças mantém-se intacto, e é o mesmo que a leva a fazer leituras de textos, especificamente contos, para aquelas que podem ser as futuras estrelas do teatro e da poesia no país.

Tudo que signifique “representar” entusiasma Lucrécia Paco. Neste sentido, não espanta que parte do seu brioso trajecto profissional tenha sido feita no igualmente encantador mundo da sétima arte. Paco participou de inúmeras produções cinematográficas, entre elas “O Vento Sopra do Norte”, sob direção de José Cardoso; “Mulher Maputo”, uma co-produção do Instituto Nacional de Cinemae a empresa KANEMO; e “Quero Ser Estrela”.

Participou, também, em duas telenovelas, nomeadamente “Jóia de África”, exibida entre os anos 2002 e 2003, no canal português TVI, e “Nineteens”, uma produção 100% moçambicana da qual foi protagonista. A trama foi exibida em 2010, na Televisão Independente de Moçambique (TIM)

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