Fonte: cartamz
A instabilidade militar no norte de Cabo Delgado, factores climáticos adversos e o nível de endividamento público continuaram a ser as principais vulnerabilidades no primeiro semestre de 2023. A instabilidade militar no norte de Cabo Delgado prevaleceu no primeiro semestre de 2023, com registo de focos de insegurança em alguns pontos da província.
No período em análise foram reportados avanços na restauração da segurança nas zonas assoladas pelo terrorismo, mas não o suficiente para influenciar a retirada da suspensão do desenvolvimento em terra do projecto Mozambique LNG – TotalEnergies.
Para o Banco Central, a instabilidade militar no norte de Cabo Delgado é uma vulnerabilidade do sistema porque condiciona o acesso aos serviços financeiros, retarda a inclusão financeira e compromete a capacidade dos agentes económicos afectados de honrarem os seus compromissos com o sector bancário, com reflexos no incremento do risco de crédito e sistémico.
No Boletim de Estabilidade Financeira referente ao primeiro semestre de 2023, o Banco Central aponta também calamidades naturais adversos, como vulnerabilidade para o sistema, com destaque para o ciclone Freddy, que afectou as províncias da Zambézia, Nampula, Manica e Sofala, em Março de 2023. Como consequência do ciclone, várias propriedades imobiliárias aceleraram a sua desvalorização, por conta da exposição ao risco, o que influenciou a carteira de activos de bancos, seguradoras e outras instituições financeiras que operam naquelas províncias.
“Estes eventos resultaram na queda dos níveis de produção no país, em resultado da destruição de infra-estruturas, factores e meios de produção, dentre outros, influenciando a capacidade das famílias e empresas de honrarem os seus compromissos com o sector bancário, com impacto no incremento do risco de crédito”, lê-se no Boletim de Estabilidade Financeira do Banco Central.
A instituição aponta ainda a pressão da dívida pública sobre o sistema financeiro no primeiro semestre de 2023. Dados do Banco de Moçambique ilustram que, em termos acumulados, a dívida pública interna incrementou em cerca de 28 mil milhões de Meticais no primeiro semestre do ano, a reflectir, essencialmente, o aumento do financiamento por via de Obrigações de Tesouro e emissão de Bilhetes do Tesouro.
Nesse contexto, a dívida pública cresceu de 926.7 mil milhões de Meticais em Junho de 2022 para 943.9 mil milhões de Meticais em Junho de 2023. Para o Banco Central, o financiamento interno do Estado absorve parte significativa dos recursos do sector bancário, que poderiam ser canalizados para as empresas ou famílias.